30 de outubro de 2009

Secretária Eletrônica

"Oi. São 5:35. Mais uma noite em claro. Sóbria, antes que me jogue pedras. Sóbria quando falo sobre alcool, estou embriagada de dúvidas. E essa embriaguês não passa no dia seguinte. Não me faz me sentir enjôo, não é daquelas que água fria ou qualquer 'cura-ressaca' cure. É embriaguês de você. E que venha logo a merda da ressaca, e que me faça desejar jamais ter chegado perto de você. E passe, para nunca mais voltar. Já são 5:55. E estou indo para sua casa, mas não vou te acordar. Estou te devolvendo as minhas chaves do seu apartamento. Estou deixando uma caixa com tudo que fomos. Eu não quero viver embriagada de você, pois você, meu caro, é um poço de confusão, que quando junta-se comigo, que sou tão 'poço-de-confusão' quanto você, o resultado é catastrófico. Overdose. É isso. vais encontrar um bilhete na caixa, grude-o no espelho. Tire cópias e grude por todos os cantos que te lembram a mim. Vai te fazer pensar no quão egoísta estou sendo, e fique irritado o bastante para não me procurar mais,por favor. Acabou. Tchau."


bilhete: "Te amo mesmo, talvez pra sempre. Mas nem por isso eu deixo de ser feliz ou viver minha vida. Foda-se esse amor. E foda-se você."

5 de outubro de 2009

Sophia, Sophia.

Atirei a bolsa e os sapatos, já nas mãos, ao chão. Bêbada, o cheiro de bebida e cigarro ia ficando pelos corredores por onde me arrastava até encontrar a porta. Mal me sustentava em pé, e durante o caminho os postes pareciam dançar na minha frente. Alive, na voz de Liam Gallagher deve ter acordado a cidade toda, reclamações e xingamentos dos mais variados e mal educados possíveis. Porra, eu queria era que o mundo explodisse, ou simplesmente a parte de mim que cultivava o maldito 'amor' simplesmente fosse assassinada, arrancada, devorada, extinguida. É a coisa mais ridícula, o ápice da fraqueza. E que diabos, achei que tinha me livrado dele. Mas não, eu era Sophia. Eu não tinha esse tipo de amor em mim. Desses que vêem, vão e não voltam mais. O meu, tira folga e se vê no direito de retornar e botar minha vida de cabeça pra baixo quando bem entender. Cheio de nós, nos dois sentidos da palavra. Eu era Sophia, que morava no 7º andar, e que os vizinhos odiavam. Que tomava um balde de café para se manter em pé no estágio. Que mergulhava na banheira de água gélida as 6 da manhã, para se livrar do cheiro de embriaguez da noite anterior. Sou Sophia, que aos olhos de todos se basta. Sophia, que parecia ser forte. Mas, não sou.